Para que não se perca a memória de um dos mais ilustres lagoenses de sempre, começa aqui uma série de artigos sobre a vida e obra de Tarquínio Hall. É uma questão de justiça e de respeito por um benemérito que amou, divulgou e defendeu a sua terra sem nada, rigorosamente nada, ter em troca. Quando vejo a sua última vontade anulada e desprezada, sinto que me cabe a mim avançar e defender o seu legado. Faço isso com espirito de missão, de amizade, de respeito e de pura justiça. Foi ele que me ensinou a amar a cultura e a buscar incessantemente o conhecimento. Foi ele que me fez ver que a cultura é a maior arma do ser humano, a maior riqueza e força de um povo. Foi ele que me disse que “nós, que buscamos o conhecimento temos o dever de dar o pouco que temos a quem tem ainda menos. É preciso nivelar por cima”.
TARQUÍNIO HALL - CAPITULO 01
Tarquínio Hall era filho de um casal de professores primários. Pessoas de elevado valor moral e dotadas de rara inteligência. O professor José João da Fonseca nasceu em Aldeia Velha, Concelho do Sabugal em 22 de fevereiro de 1890 e faleceu em 29 de junho de 1966. Dona Maria da Ressurreição Guilherme Hall nasceu em Aldeia das Dez, Concelho de Oliveira do Hospital, a 14 de fevereiro de 1888, vindo a falecer a 3 de maio de 1974. Ambos foram nomeados para o ensino primário em Lagos da Beira. Aqui se conheceram e aqui casaram em dezembro de 1914. Deste casamento resultam dois filhos. Tarquínio da Fonseca Hall, nascido a 9 de novembro de 1915 e Vírgilio Hall da Fonseca, nascido a 17 de novembro de 1925. Dedicarei um capítulo a Vírgilio Hall, outro grande benemérito de Lagos da Beira. Tarquínio Hall viria a ser um dos maiores vultos da cultura do Concelho e da região. O seu primeiro livro foi publicado no Funchal em 1945 com o título “Variações”. Abre o livro o poema “Canção” dedicado à bela ilha da Madeira.
Prof. José João da Fonseca e Dona Maria da Ressurreição Guilherme Hall |
CANÇÃO
Ilha maravilha
Esta linda ilha
Serras altaneiras
Deixando correr ribeiras
Sob um túnel de verdura…
- Paisagem luxuriosa
Vestindo os montes, vaidosa,
D’uma capa de verde escura
Ondulações
Irregulares
Que inspiram canções
Populares…
Montes e outeiros
Formando cumeadas
E desfiladeiros
De silhuetas rendadas…
Encostas relvada
Multicores
Semeadas
De casas e de flores…
Vertentes
Transpirando
Nascentes
Que se vão ligando
- Medrando…
Água que corre, gaiata
Muito branca, cor de prata
Cabriolando
E cantando
Em cachões divinais
Por arroios sinuosos
Por riachos tortuosos
Por ribeiras sensuais…
- Verdadeira
Maravilha,
Esta ilha
Da Madeira!
Toda um jardim em flor
A flutuar no mar,
A segredar
Canções d’amor
E a ostentar
A tela
Mais bela
Que Deus quis pintar!...
Tarquínio Hall
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