1 – LOCALIZAÇÃO
A União de Freguesias de Lagos da Beira e Lajeosa fica no concelho de Oliveira do Hospital, distrito de Coimbra. A sede da junta de freguesia está localizada em Lagos da Beira. Além da Lajeosa fazem parte da união de freguesias a Póvoa das Quartas e a Chamusca da Beira. Segundo os censos de 2021, o total das quatro povoações tem 1127 habitantes.
CRONOLOGIA DO CAPÍTULO
- 4000 anos a.C – Povoamento da região do atual concelho de Oliveira do Hospital
- 1000 anos a.C – Possível povoamento da região de Lagos da Beira e Lajeosa
- Ano 218 a.C. – As legiões romanas chegam à Península Ibérica durante a Segunda Guerra Púnica.
- Ano 409 d.C. – Suevos, alanos e vândalos invadem a Península.
- Ano 415 – Os visigodos entram na Península.
- Ano 476 – Queda do Império Romano do Ocidente: O Imperador Rómulo Augusto é obrigado a abdicar em favor de Odoacro, chefe militar de origem germânica.
- Ano 585 – Fim do reino suevo e anexação ao reino visigodo de Leovigildo.
- Ano 711 – Invasão muçulmana da Península comandado por Tárique.
- Ano 1054 – Fernando I de Leão e Castela conquista Tarouca, Seia e Viseu.
- Ano 1064 – Reconquista definitiva de Coimbra por Fernando Magno.
- Ano 1096 – D. Afonso VI de Leão faz a doação do Condado Portucalense a D. Henrique da Borgonha, dando-lhe também a mão de sua filha, a princesa Teresa de Leão.
Os mais antigos testemunhos de ocupação humana na região datam de há seis mil anos. São monumentos funerários que atestam já a crença na eternidade. As antas da Arcaínha, da Sobreda e da Cavada, no norte do concelho e da Coitena, na Bobadela, foram construídas por pequenas comunidades agro-pastoris, que cultivam os terrenos férteis junto às linhas de água. Os monumentos megalíticos são o reflexo de uma sedentarização e da crença na vida para além da morte. Deste modo faziam acompanhar os defuntos com objetos diversos, tais como pontas de seta, lâminas, contas de colar ou mesmo cerâmicas. Materiais que, nos dias de hoje, nos permitem interpretar o seu modo de vida.
O planalto onde se situa Lagos da Beira terá sido povoado desde tempos remotos dada a fertilidade das suas terras, propícias à agricultura e à pastorícia. A agricultura leva as pessoas a procurarem terrenos com água. Veja-se a quantidade de povoações, vilas e cidades que cresceram às beira dos rios. Lagos da Beira, não tendo um rio, era zona de muita água. Basta olhar para o topónimo. “Lagos” deriva do latim “lacus”. Em Lagos sempre foi fácil encontrar água. Nesses tempo remotos, naturalmente formavam-se charcos e lagos alimentados por fortes nascentes que ainda hoje existem.
Refiro-me por exemplo às duas nascentes que alimentam a fonte de São João e à nascente do pequeno ribeiro que atravessa a povoação. Tais condições terão atraído habitantes. Situado na Quinta do Boco – Lagos da Beira, existe um penedo com uma escadaria de onze degraus. No final dos anos 80, Tarquínio Hall comunicou o achado ao diretor do Grupo de Arqueologia e Arte do Centro, Dr Mário Nunes. Deslocou-se então ao local a Dr.ª Ana Leite da Cunha (responsável por trabalhos realizados na anta da Coitena) que, após análise minuciosa, concluiu tratar-se de um santuário rupestre proto-histórico. Este testemunho pode revelar um povoamento há cerca de 3000 anos, mas carece de estudos mais aprofundados.
3 – ROMANOS
No primeiro século da nossa era, a região do atual concelho de Oliveira do Hospital passou a integrar o grande Império Romano. Profundas transformações ocorrem em toda a região, principalmente a partir de Augusto, o primeiro imperador de Roma. Explora-se o ouro nos rios Alva e Alvoco e surgem por todo o lado explorações agrícolas. Na zona da Bobadela nasceu e prosperou uma importante cidade que foi capital de uma vasta região entre as serras da Estrela, Caramulo e Açor. Algumas cerâmicas encontradas no alto de São Miguel são boas razões para acreditar que a zona de Lagos seria habitada em época romana, mas também aqui não podemos afirmar sem provas concretas.
4 – A ALTA IDA MÉDIA
No século V D.c, vários povos de origem germânica invadiram o então já cristianizado Império Romano e para a Península Ibérica vieram, nomeadamente, os Visigodos (ou Godos) que mantiveram as estruturas básicas da romanização, assim como o culto cristão.
No ano 711 d.C. a invasão da Península Ibérica pelos mouros do Norte de África, destruiria a monarquia visigótica que se irá refugiar ao norte da Península Ibérica, constituindo o Reino das Astúrias, antecedente dos futuros reinos hispânicos, gerando séculos de conflito entre os novos ocupantes muçulmanos e os referidos reinos cristãos. Coimbra e Seia (onde se incluía o território de Lagos da Beira) estiveram por esse motivo, sob uma intermitente ocupação muçulmana até ao século XI (1064), data em que foram definitivamente recuperadas para o domínio cristão sob o comando de Fernando Magno, unificador dos reinos de Leão, Castela e Galiza. Uma testemunha desse tempo na região é a magnífica Igreja Moçárabe de Lourosa.
5 – O POVOADO DE LAGOS
São dessa época as sepulturas escavadas na rocha situadas em Lagos (Mata das Forcas e Salgueiral) e Chamusca (Soitinho). Estão datadas da alta idade média. Isto é, entre os séculos VII e X. Talvez já existisse aqui um povoado de agricultores que talvez já se chamasse Lagos, mas a distância entre as sepulturas também sugere um povoamento disperso. O mesmo acontece na Lageosa onde existe uma necrópole composta por sete sepulturas, mas que seriam pelo menos doze.
Conclusão: Sem certezas de origens mais remotas, podemos afirmar que Lagos da Beira, tal como a Lageosa, têm pelo menos mais de mil anos de História.
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